Cerca de dois terços dos brasileiros afirmam ter recebido fake news pelo WhatsApp durante a campanha eleitoral de 2018, revela pesquisa divulgada durante o Brazil UK Forum, conferência realizada no último final de semana na London School of Economics e na Universidade Oxford, no Reino Unido
Segundo a pesquisa, realizada pela Ideia Big Data com 1.660 entrevistados do país, 67% concordam com a frase “eu certamente recebi fake news no WhatsApp durante a campanha eleitoral em 2018”, enquanto 17% discordam e 16% nem discordam nem concordam com a afirmação.
De acordo com a pesquisa, a internet via celular é a principal fonte de notícias para 32% das pessoas, perdendo apenas para TV, com 36%. Rádio é a principal fonte de informação para 10% e, jornais impressos, para 6% –os dois perdem para amigos e família, com 12%.
No levantamento, 14% afirmam ter compartilhado fake news de conteúdo político na campanha de 2018, enquanto 44% dizem não ter feito isso e 42% nem concordam nem discordam dessa afirmação.
“Os resultados estão em linha com pesquisas de outros países e mostram que as fake news se tornaram parte estrutural das campanhas eleitorais. Antes elas não alcançavam tanta gente, com tamanha velocidade”, diz Mauricio Moura, fundador e CEO da Ideia Big Data.
O levantamento também demonstra a descrença das pessoas na mídia tradicional. De acordo com a pesquisa, a TV é a fonte mais confiável de notícias para 30%, seguida pela internet via celular, com 29%.
Para apenas 8% dos entrevistados, o rádio é a fonte mais confiável, e 5% apontam os jornais impressos. Na opinião de 12% das pessoas, amigos e família são a origem mais confiável de informação, e 16% afirmam não confiar em nenhuma fonte de notícias.
No sábado (18), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticou discussões ocorridas um dia antes em seminário promovido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em parceria com a União Europeia.
“Seminaristas querem proibir o termo Fake News e usam Folha de SP como fonte. A cada dia o brasileiro tem mais acesso à informação e conhece a verdade sem precisar de alguns órgãos de imprensa famosos pelas Fake News. Sigo defendendo uma internet livre”, escreveu no Twitter.
No evento, representantes de WhatsApp, Facebook e Twitter apresentaram iniciativas para coibir a propagação de informações falsas. A advogada Taís Gasparian, que advoga para a Folha de S.Paulo e é especialista no assunto, também participou.
Entre as previsões está a de que as fake news são fenômeno que continuará a causar desinformação nas próximas eleições e o WhatsApp é a plataforma em que o enfrentamento é mais difícil. A solução não deve ser por meio de censura, segundo os participantes, mas pelo uso de ferramentas de checagem e pela prática do jornalismo profissional.
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